UM MEDICO DA ROÇA
 

Aos vinte e um annos Tolentino Abrantes
Da vida a primavera desfructava,
Figurando entre os peiores estudantes,
Pois que não estudava,
Muito embora na Escola
De Medicina, que elle frequentava,
Dissesse toda a gente
Ter elle muito phosphoro na bola,
E ser, talvez, o mais intelligente
Da sua turma. O nosso rapazola,
Que dos paternos cabedaes dispunha,
Mettendo-lhes a unha
Tão facilmente como si a mettesse
Num fófo pandeló, não conhecia
Da pobreza os açoites,
E, nesta vida tudo lhe sorria.
Antes os conhecesse:
Na pandega não passaria as noites.

O pae, sujeito honrado,
Que no commercio havia enriquecido,
Foi por alguns amigos prevenido
Da vida que levava o seu morgado,
E corrigil-o quiz, mas era tarde,