A TOALHA DE CRIVO
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E a parteira pede arruda
Para tirar o quebranto.
Asneiras não eram ditas,
Entra na casa um sujeito,
Homem grave e de respeito,
Que tem maneiras bonitas.
E’ um medico da roça,
Esculapio de encommenda,
Que, de fazenda em fazenda,
Obituarios engrossa.
A’ vontade dos freguezes
O infatigavel charlata,
E’ alopatha, é homœpathia,
E é dozimetrico ás vezes.
Passei aqui por accaso...
Deixem-me ver a menina,
Diz elle. E’ tão pequenina!
Parece grave este caso.
De despeitada, a parteira
Os labios, sorrindo, ajusta,
Mal sabendo quanto é justa
Essa curva zombeteira.
Ausculta o doutor; discorre,
E, emfim, prepara a botica...
Mas a criança immovel fica;
Abre os olhindos... e morre.