A TOALHA DE CRIVO
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Maria tambem não chora
E a todo o instante começa
A repetir a promessa
Que fez a Nossa Senhora.

Uma sinhá caridosa
O mimoso anjinho beija
E deita-o n’uma bandeja
Cheia de folhas de rosa.

A bandeja é collocada
Depois no centro da meza,
E vem uma véla accesa,
Pelo vigario mandada.

Hirto, branco, ensanguentado,
Com o seu resplendor de prata
Os corações arrebata
Um Christo crucificado.

E da viuva o olhar fixo
A todos estar parece
Acompanhando uma prece,
Cravado no crucifixo.

Mas de repente expectora:
— Se vejo este anjinho vivo,
Tem uma toalha de crivo
Tua Mãe, nossa Senhora!

12.