O SÁ
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O fiscal do consummo
Namoriscava uma mulher magrinha,
Que nas lides caseiras avistava
No interior da cosinha
De um sobrado do qual só via os fundos.
Não sei porque, a visinha,
Entre panellas, caldeirões immundos,
Tachos e caçarolas,
Impressionou-o a ponto
De o fazer dar ás solas,
Tonto, ainda mais tonto
Que quando requestava a moça imbele
Que se casou com elle.

A visinha sorria
Aos gatimanhos que lhe o Sá fazia,
E não tardou que uma correspondencia
Epistolar houvesse...
Desimpedida a misera não era:
«Deus a livrasse que o doutor soubesse...
Tinha ciume de fera!
Entretanto, a explorava,
Tornando-a, coitadinha,
N’uma especie de escrava
Mettida na cosinha.»
O Sá pensou, com certo fundamento,
Que, na impossibilidade
De recorrer a novo casamento
Pois não sabia, na realidade,
Qual era o seu estado,