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CONTOS MARANHENSES



Com que meiga piedade
Em beijos degenera
Aquella doce pena!
Que lindo! ai, quem me déra
Saber reproduzir tão linda scena!

A porta da varanda se escancára
E no lumiar a cara
De um velho se apresenta.
Carregando garboso os seus sessenta.
Dá-lhe um solemne, venerando aspeito,
A barba branca que lhe cobre o peito.

Não está só o ancião: traz ao seu lado
Um bonito rapaz, typo de poeta,
E vem acompanhado
Por um cão agitando a cauda inquieta.

Dirigindo-se a velha
Que, sorprehendida, franze a sobrancelha,
— Minha senhora, diz o velho, queira
Perdoar-me entrar aqui desta maneira,
Sem me fazer annunciar; urgente
Caso me traz humilde e reverente:
Este moço é meu filho;
Sahio-me, por desgraça, um peralvilho!
De uma destas meninas
Alcançou entrevistas clandestinas.

E fugiu della, calculando, injusto,
Que eu, que sou velho honrado, me opporia