Tinha a menina um namorodo, é certo;
Porém o pae, um madeireiro esperto,
Que no outro viu muito melhor arranjo,
Tratou de convencel-a
De que, aceitando a mão que lhe estendia
Manoel Antonio, a moça trocaria
De um vagalume a luz por uma estrella.
Ella era boa, compassiva, terna,
E havia feito ao moço o juramento
De que a sua affeição seria eterna;
Porém dobrou-se á logica paterna
Como uma planta se dobrára ao vento.
Sabia que seria
Tempo perdido protestar; sabia
Que, na opinião do pae, o casamento
Era um negocio e nada mais. Amava;
Sentia-se abrazada em chamma viva;
Mas... tinha-se na conta de uma escrava,
Esperando, passiva,
Que um marido qualquer lhe fosse imposto,
Contra o seu coração, contra o seu gosto.
Calou-se. Que argumento
Podia a planta contrapôr ao vento?
No dia em que a noticia
Do casamento se espalhou na praça,
A Praia-Grande inteira achou-lhe graça
E commentou-a com feroz malicia,