A NUVEM
A scena era na rua
De São Thiago, á meia noite. A lua
Brilhava intensamente
Do céo na amplidão nua,
Azul e transparente.
Que luar o luar do Maranhão! dir-se-ia
Um bello meio-dia,
Illuminado por um sol sem fogo!
A rua era deserta.
De vez em quando, ao longe, apparecia
A negra fórma incerta
De um vago transeunte
Regressando do amor, talvez do jogo.
Que ninguem me pergunte
Quem era o moço que parado estava
Junto ao muro da casa em que morava
O capitão Pedrosa,
Velho cuja honradez foi bem famosa.
Era um moço, — isto basta.
Accrescente-se apenas
Que a cabelleira vasta,
Caindo em crespas, rutilas melenas,