VAGABUNDO
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O cão dessas façanhas vinha triste,
Cauda e orelhas cahidas, receioso
De ser mal recebido (e era muito bem feito!);
Porém bastava um gesto carinhoso,
Um sorriso fagueiro,
Uma bala roubada ao taboleiro,
Para vel-o de novo alegre e satisfeito.

Ha dez annos o cão apparecera um dia
Ali; ninguem sabia
De onde viera. Tinha fome o bicho,
E, como lh’a matassem
E lhe dessem um nicho
Onde nem sol nem chuva o incommodassem
Foi-se ficando o maganão tranquillo
Naquelle doce asylo.

Deram-lhe o nome feio
De Vagabundo, e o mesmo nome, creio
(Digo-o em seu desabono)
Lhe havia dado o primitivo dono,
Porque, á primeira vez que foi assim chamado,
Correu logo apressado.

Jámais n’um cão fraldeiro
Esse nome assentou com tanta propriedade;
Vagabundo, melhor do que o melhor carteiro,
Conhecia a cidade
Do Rio de Janeiro.