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CONTOS CARIOCAS


Foi o primeiro dono
Do meu amor de virgem... Acredite:
Não posso crer que um morto resuscite,
Mas, ao ver essa cara,
Suppuz que o meu Gabriel resuscitára!
Adeus, senhor! não tente
Tornar a ver-me! Esqueça-me! E’ prudente!
— Mas eu... — De conta faça
Que uma visão eu sou... visão que passa...

E esgueirava-se a dama. O namorado
Que se havia deixado
Ficar mudo, enlevado
No som daquella voz, notas estranhas,
Mysteriosa musica divina
Que lhe invadia o amago e as estranhas,
Tomou-lhe a mão papuda e pequenina,
Dizendo-lhe: — Senhora,
Não se afaste de mim, não vá se embora,
Sem me deixar ao menos a esperança
De que algum dia tornarei a vel-a!
Não queira que num céo todo bonança
Brilhe, e logo se apague a minha estrella!
— Não! deixe-me partir! — Oh, não! não parta!
— Pois sim... pois bem... escrevo-lhe uma carta...
Dê-me o seu nome e a sua adresse — Prompto!
Meu cartão aqui tem.

E o Lopes, tonto,
Qual si bebera capitoso vinho,