NHÕ-NHÕ
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Quando o Brochado põe um chapéo novo,
E vae mostral-o ao povo,
Parando á porta da confeitaria
Onde, das tres ás cinco, todo o dia
Ha seis annos é visto si não chove,
Produz o facto sensação; promove
Um movimento de attenção tamanho,
Que attrae de curiosos um rebanho
E de basbaques um corrilho ajunta!
E muito rapazola embasbacado
A quanto topa faz esta pergunta:
— Já visto o chapéu novo do Brochado? —

E tudo quanto elle usa
As mesmas parvas attenções desperta:
O sapato, que abusa
Do bico estreito e o polegar aperta;
O collarinho reluzente, o punho,
As chatelaines, os anneis, e aquelle
Insolente monoculo, que um cunho
Lhe dá de quem suppõe que o mundo é delle.

Accresce que o Brochado
E’um bonito rapaz, que dos quarenta
A passo agigantado
Para a casa caminha, embora minta,
Pois a todos sustenta
Não chegar á dos trinta;
Moreno, alto, aprumado,
O olhar avelludado,