O leitor superficial conclue d’aqui que o nosso Mendonça era um homem excentrico. Não era. Mendonça era um homem como os outros; gostava de cães como outros gostão de flôres. Os cães erão as suas rosas e violetas; cultivava-os com o mesmissimo esmero. De flôres gostava tambem; mas gostava d’ellas nas plantas em que nascião : cortar um jasmim ou prender um canario parecia-lhe identico attentado.
Era o Dr. Mendonça homem de seus trinta e quatro annos, bem apessoado, maneiras francas e distinctas. Tinha-se formado em medicina e tratou algum tempo de doentes; a clinica estava já adiantada quando sobreveio uma epidemia na capital; o Dr. Mendonça inventou um elixir contra a doença; e tão excellente era o elixir, que o autor ganhou um bom par de contos de réis. Agora exercia a medicina como amador. Tinha quanto bastava para si e a familia. A familia compunha-se dos animaes citados acima.
Na memoravel noite em que se desencaminhou Miss Dollar, voltava Mendonça para casa quando teve a ventura de encontrar a fugitiva no Rocio. A cadellinha entrou a acompanhal-o, e elle, notando que era animal sem dono visivel, levou-a comsigo para os Cajueiros.
Apenas entrou em casa examinou cuidadosa-