Vasconcellos nem por sombras suspeitava semelhante cousa.

— Este amor é da tua approvação? perguntou-lhe Gomes.

Vasconcellos reflectia, e depois de alguns minutos de silencio, disse:

-— O meu coração approva a tua escolha; és meu amigo, estás apaixonado, e uma vez que ella te ame...

Gomes ia fallar, mas Vasconcellos continuou sorrindo:

— Mas a sociedade?

— Que sociedade?

— A sociedade que nos tem em conta de libertinos, a ti e a mim, é natural que não approve o meu acto.

— Já vejo que é uma recusa, disse Gomes entristecendo.

— Qual recusa, pateta! É uma objecção, que tu poderás destruir dizendo: a sociedade é uma grande calumniadora e uma famosa indiscreta. Minha filha é tua, com uma condição.

— Qual?

— A condição da reciprocidade. Ama-te ella ?

— Não sei, respondeu Gomes.

— Mas desconfias...

— Não sei; sei que a amo e que daria a minha