certa. Mas não era asim. Entrámos no nosso lar nupcial como dous viajantes estranhos em uma hospedaria, e aos quaes a calamidade do tempo e a hora avançada da noite obrigão a aceitar pousada sob o tecto do mesmo aposento.
Meu casamento foi resultado de um calculo e de uma conveniencia. Não inculpo meus pais. Elles cuidavão fazer-me feliz e morrêrão na convicção de que o era.
Eu podia, apezar de tudo, encontrar no marido que me davão um objecto de felicidade para todos os meus dias. Bastava para isso que meu marido visse em mim uma alma companheira da sua alma, um coração socio do seu coração. Não se dava isto; meu marido entendia o casamento ao modo da maior parte da gente; via n’elle a obediencia ás palavras do Senhor no Genesis.
Fóra d’isso, fazia-me cercar de certa consideração e dormia tranquillo na convicção de que havia cumprido o dever.
O dever! esta era a minha taboa de salvação. Eu sabia que as paixões não erão soberanas e que a nossa vontade póde triumphar d’ellas. A este respeito eu tinha em mim forças bastantes para repellir idéas más. Mas não era o presente que me abafava e atemorisava; era o futuro. Até então aquelle romance influia no meu espirito pela cir-