— Não sei se era amor, respondeu Tito, era uma cousa... Mas note, isto foi ha uns bons cinco annos. D’ahi para cá ninguem mais me fez bater o coração.
— Peior para ti.
— Eu sei! disse Tito levantando os hombros. Se não tenho os gozos intimos do amor, não tenho nem os dissabores, nem os desenganos. É já uma grande fortuna!
— No verdadeiro amor não ha nada d’isso, disse sentenciosamente a mulher de Azevedo.
— Não ha? Deixemos o assumpto; eu podia fazer um discurso a proposito, mas prefiro...
— Ficar comnosco, Azevedo atalhou-o. Está sabido.
— Não tenho essa intenção.
— Mas tenho eu. Has de ficar.
— Mas se eu já mandei o criado tomar alojamento no hotel de Bragança....
— Pois manda contra-ordem. Fica comigo.
— Insisto em não perturbar a tua paz.
— Deixa-te d’isso.
— Fique! disse Adelaide.
— Ficarei.
— E amanhã, continuou Adelaide, depois de ter descansado, ha de nos dizer qual é o segredo da isenção de que tanto se ufana.