— Bem. Levarás amanhã, uma carta minha a um dos ministros. Deos queira que possas obter o emprego sem difficuldade. Quero ver-te trabalhador e serio; quero ver-te homem. As dissipações não produzem nada, a não serem dividas e desgostos... Tens dividas?

— Nenhuma, respondeu Soares.

Soares mentia. Tinha uma dívida de alfaiate, relativamente pequena; queria pagal-a sem que o tio soubesse.

No dia seguinte o major escreveu a carta promettida, que o sobrinho levou ao ministro; e tão feliz foi, que d’ahi a um mez estava empregado em uma secretaria com um bom ordenado.

Cumpre fazer justiça ao rapaz. O sacrificio que fez de transformar os seus habitos da vida foi enorme, e a julgal-o pelos seus antecedentes, ninguem o julgára capaz de tal. Mas o desejo de perpetuar uma vida de dissipação póde explicar a mudança e o sacrificio. Aquillo na existencia de Soares não passava de um parenthesis mais ou menos extenso. Almejava por fechal-o e continuar o periodo como havia começado, isto é, vivendo com Aspasia e pagodeando com Alcibiades.

O tio não desconfiava de nada; mas temia que o rapaz fosse novamente tentado á fuga, ou porque o seduzisse a lembrança das dissipações antigas, ou