passou por alli uma das suas visinhas, que ia a uma romaria, muito aceiada, com um vestido novo. Parou diante de Margarida, para que lhe admirasse os seus brincos e o collar d'ouro que levava ao pescoço; apertou-lhe a mão para que visse bem o annel que brilhava no seu dedo, e foi-se embora a rir, toda contente. E Margarida foi-a seguindo com um olhar d'inveja, o que inquietou no paraizo o seu anjo da guarda.
O fio de linho já não passava tão rapidamente entre os dedos de Margarida, a roda cessára o seu barulho monotono, e o fuso caira-lhe das mãos.
Ao cair o fuso despertou do extasi, abriu os olhos, e viu diante de si um cavalleiro magnificamente vestido, tendo na mão um gorro de velludo preto, com uma pluma vermelha, da côr do fogo. O cavalleiro saudou-a respeitosamente, e, com uma voz harmoniosa e galanteadora, perguntou-lhe:
— Qual é o caminho da cidade?»
Margarida estendeu a mão para lh'o indicar, e o forasteiro inclinando-se tirou do dedo um annel d'ouro com um diamante, que brilhava como uma estrella, e metteu-o no dedo de Margarida, que o achou mais bello do que o annel da sua companheira. O rosto do cavalleiro alumiou-se então com um sorriso estranho e diabolico.
N'isto passou por ali um mendigo coberto de farrapos, parou diante de Margarida, e pediu-lhe uma esmola.
Margarida tirou do dedo o annel, e offereceu-o ao pobre desgraçado.
O cavalleiro então, soltando um grito de colera, ia lançar-se sobre Margarida, mas o mendigo — que