e a chuva faz-me bem; sinto-me crescer e florir. Sou muitissimo feliz.»

Mas um bello dia vieram uns homens que agarraram no linho pela cabelleira, arrancaram-n'o com raizes e tudo, e deram-lhe tratos de polé. Primeiro mergulharam-n'o em agua, como se o quizessem afogal-o, e depois metteram-n'o no lume para o assar. Que crueldade!

— Não se póde ser mais feliz, pensou o linho de si para si; é necessario soffrer, o soffrimento é a mãe da experiencia.»

Mas as coisas iam de mal para peor. Partiram-n'o, assedaram-n'o, cardaram-n'o, e elle sem comprehender o que lhe queriam. Depois, puzeram-n'o n'uma roca, e então perdeu a cabeça inteiramente.

— Era feliz de mais, pensava o desgraçado linho no meio d'aquellas torturas; devemo-nos regosijar, mesmo com as felicidades perdidas.»

E ainda estava dizendo — perdidas, e já o estavam a metter no tear e a transformal-o n'uma peça de panno.

— Isto é extraordinario, nunca o imaginei; que boa sorte a minha, e que grandes tolas aquellas silvas quando cantavam:

Cric, crac! cric, crac! crac!
Acabou-se! acabou-se! acabou-se!

Agora é que eu principio a viver. Padeci muito, é verdade, mas por isso tambem agora sou mais feliz do que nunca. Sinto-me tão forte, tão alto, tão macio! Ah! isto é bem melhor do que ser planta, mesmo florida, ninguem trata da gente, e