Um grande fidalgo, que se tinha perdido n'uma floresta, foi dar de noite á choupana d'um pobre carvoeiro. Como este ainda não tinha chegado, foi a mulher que recebeu o importante personagem. Acolheu-o o melhor que pôde, desculpando-se da miseravel hospitalidade que lhe ia dar, porque eram batatas cosidas a unica cousa que lhe poderia offerecer; cama não a tinha, por conseguinte dormiria sobre a palha. Mas o estrangeiro estava morto de fome e de fadiga; as batatas souberam-lhe mais do que faisões, e dormiu melhor em cima da palha do que n'um leito de principes. Ao outro dia pela manhã disse isto mesmo á pobre mulher, gratificando-a ao despedir-se com uma moeda de ouro. Mas, como o desconhecido lhe tinha dito que a guardasse como uma pequena lembrança, a boa camponeza julgou que seria uma medalha, e sentiu que não tivesse um buraquito para a trazer ao pescoço. Quando o carvoeiro chegou a casa, contou-lhe logo o que lhe tinha acontecido, mostrando-lhe a moeda preciosa. O carvoeiro examinou os cunhos e o valor da moeda d'ouro, e disse para a mulher:
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