deslumbrante, e o judeu avarento não me teria despido.»
No dia seguinte acordou o pinheiro com folhas de vidro, que reluziam ao sol como pequeninos espelhos. Ficou outra vez todo contente e orgulhoso, fitando desdenhosamente os seus visinhos. Mas n'isto o ceo cobriu-se de nuvens, e o vento rugindo, estallando, quebrou com a sua aza negra as folhas de cristal.
«Enganei-me ainda, disse o joven pinheiro, vendo por terra todo feito em pedaços o seu manto cristalino. O oiro e o vidro não servem para vestir as florestas. Se eu tivesse a folhagem assetinada das avelleiras, seria menos brilhante, mas viveria descansado.»
Cumpriu-se o seu ultimo desejo, e, apesar de ter renunciado ás vaidades primitivas, julgava-se ainda assim mais bem vestido do que todos os outros pinheiros seus irmãos. Mas passou por ali um rebanho de cabras, e vendo as folhas acabadas de nascer, tenrinhas e frescas, comeram-lh'as todas sem deixar uma unica.
O pobre pinheiro, envergonhado e arrependido, já queria voltar á sua fórma natural. Conseguiu ainda este favor, e nunca mais se queixou da sua sorte.