— «Agora, bradou João, fingindo que commandava um destacamento, carregar armas! Dae-me cabo dos ladrões; fogo!»
No mesmo instante o jumento quebrou a janella com as patas, zurrando cada vez mais; os ladrões atemorisados refugiaram-se no bosque, saindo precipitadamente por uma porta falsa.
João e os seus companheiros penetraram na salla abandonada, comeram um excellente jantar, e deitaram-se em seguida — João n'uma cama, o burro na cavallariça, o cão n'uma esteira ao pé da porta, o gato junto do fogão e o gallo n'um poleiro.
Ao principio os ladrões ficaram muito contentes, por se verem sãos e salvos na floresta. Mas depois, começaram a reflectir.
— «Era bem melhor a minha cama, do que esta erva tão humida, disse um d'elles.»
— «Tenho pena do frango que eu começava a saborear, disse um outro.»
— «E que rico vinho aquelle! accrescentou o terceiro.»
— «E o que é mais lamentavel, exclamou um quarto, é ficar-nos lá todo o dinheiro, que, com a ajuda do criado do conde, tinhamos tirado das gavetas.»
— Vou ver se torno lá a entrar? disse o capitão.
— Bravo! exclamaram os ladrões.
E poz-se a caminho.
Já não havia luz na casa; o capitão entrou ás apalpadellas, e dirigiu-se para o fogão; o gato saltou-lhe á cara e esfarrapou-lh'a com as garras.