tães uma quantia avultada, para que podessem começar os trabalhos immediatamente.

Os homens levantaram com effeito dois teares, e fingiram que trabalhavam, apesar de não haver absolutamente nada nas lançadeiras. Requisitavam seda e oiro fino a todo o instante; mas guardavam tudo isso muito bem guardado, trabalhando até á meia noite com os teares vasios.

— «Preciso saber se a obra vae adiantada».

Mas tremia de medo ao lembrar-se que o estofo não podia ser visto pelos idiotas. E, apesar de ter confiança na sua intelligencia, achou prudente em todo o caso mandar alguem adiante.

Todos os habitantes da cidade, conheciam a propriedade maravilhosa do estofo, e ardiam em desejos de verificar se seria exacto.

— Vou mandar aos tecelões o meu velho ministro, pensou o sultão; tem um grande talento, e por isso ninguem póde melhor do que elle avaliar o estofo.

O honrado ministro entrou na sala em que os dois impostores trabalhavam com os teares vasios.

— Meu Deus! disse elle comsigo arregalando os olhos, não vejo absolutamente nada!» Mas no entanto calou-se. Os dois tecelões convidaram-n'o a aproximar-se, pedindo-lhe a sua opinião sobre os desenhos e as côres. Mostraram-lhe tudo, e o velho ministro olhava, olhava, mas não via nada, pela rasão simplicissima de nada lá existir.

— Meu Deus! pensou elle, serei realmente estupido? É necessario que ninguém o saiba!... Ora esta! pois serei tolo realmente! Mas lá confessar que não vejo nada, isso é que eu não confesso.»