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MARQUES DE CARVALHO

Jacyntho tirou do bolso uma carta que escrevera havia muito tempo e que, por cautella, não datára nem assignára. Entregou-a á mulatinha e conjuntamente outro tostão.

Depois seguiu pela estrada adeante.

 

Elvira não deu resposta áquella carta, que lhe revelára o grande amor que por ella sentia o Lovelace paraense. Este não desanimou: deixou de passar pela estrada de S. Braz durante dois dias, após os quaes voltou, seguindo pelo passeio, rente á janella. Sacudiu-lhe ao cólo nova epístola. Repetiu o mesmo jogo por uma semana. Finalmente, Elvira não pôde resistir mais, mandou-lhe uma carta toda cheia de temores, toda receiosa, na qual confessava que o Jacyntho não era-lhe indifferente, mas que devia abrir mãos áquelle amor, porquanto a sua "posição de mulher casada não lhe permittia tão gratas liberdades."

D’então em deante, apezar d’esses receios continuaram as cartinhas a passar dos bolsos do Jacyntho para o seio d’Elvira e do seio d’esta para os bolsos d’aquelle. É que houve uma tarde em que Elvira entrou a confrontar o physico do sr. Bonifacio com o de Jacyntho. Esse confronto e as reminiscencias de muitas leituras romanticas