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Prefácio


Fiquei honrado com o convite para prefaciar a coletânea de crônicas do “tetra-nacional do software livre”, Anahuac de Paula Gil. Seu entusiasmo pela causa que defende é contagiante, e sua autoridade para defendê-la, inquestionável. Pois ele é um exemplo vivo daquilo que prega, já que há muito tira seu sustento dos serviços que presta com Software Livre, incluindo o que desenvolve e distribui sob licença livre, o KyaPanel.

O tema central destas crônicas é a liberdade, relacionada ao software, no sentido de seu potencial para instrumentar a construção de um mundo socialmente mais justo e eticamente melhor. O pano de fundo é a leitura do mundo que se forma através do prisma do reducionismo econômico, com ideologias que subsumem uma moral utilitarista, prevalecentes nesse momento histórico em que vivemos, no marco desta publicação.

Atribuo a honra de ter sido escolhido para apresentar ao leitor esta coletânea, a uma generosa apreciação do autor pelo meu trabalho e ativismo, no que o de ambos se intersectam, na defesa da liberdade humana através de escolhas em TIC. Eis que tal interseção inclui o espinhoso tema central dessas crônicas. Conheci o Movimento do Software Livre e sua filosofia quando Richard Stallman visitou e palestrou pela primeira vez na Universidade de Brasília, em 2000, e em 2005 conheci o autor das crônicas, quando me foi apresentado pelo então presidente do ITI, Sérgio Amadeu, numa festa de aniversário deste outro grande guerreiro digital.

Em 2008 publiquei “Síndrome de Estocolmo Digital”, uma análise filosófica desse mesmo tema, como então o percebia emergir, com potencial de desagregação para o Movimento. E a partir de 2013, com as revelações de Snowden e desdobramentos, uma série de artigos, palestras e entrevistas onde interpreto esses eventos como operação psicológica da ciberguerra, e onde correlaciono essa desagregação com as consequências nefastas do regime de vigilantismo global denunciado, que é instrumen-