DA FRANÇA AO JAPÃO
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tanha onde se eleva a capella de Nossa-Senhora-da-Guarda, objecto de profunda veneração dos marinheiros marselhezes.

Este outeiro é muito concorrido pelos individuos desta occupação, que festejão todos os annos com pompa e esplendor a sua padroeira. É um lugar de verdadeira peregrinação, o monte Sinai de Marselha, onde o infeliz naufrago vai depôr aos pés da Mãe de Christo os seos ex-veto e outras offrendas.

Mais longe, perto da barra deste porto, sobre as muralhas de uma torre, um grande numero de homens e mulheres entoavão canticos ao Altissimo e a Santa Virgem, recommendando á sua guarda os viajantes do Ava. Estas vozes fortes e sonoras tocarão nossos corações, e commovidos e reverentes, descobrimos nossas cabeças a essas demonstrações humanitarias e sublimes que só podem encontrar estimulo na religião do Christo.

Aquelles que assim nos desejavão boa viagem erão homens e mulheres do povo, simples pescadores ou pessoas de suas familias, cujos corações devião occultar nobres virtudes, e honestas quanto desinteressadas intenções.

Este edificante uso, exemplo sublime da caridade christã, está enraizado na população deste lugar; e todas as vezes que um navio sahe de Marselha, os habitantes correm pressurosos ás muralhas para recommendal-o á protecção da sua padroeira.

Uma hora depois apenas viamos, atravez do nevoeiro, as costas da França, onde habita um grande povo, que pela riqueza da sua industria e do seu commercio tem conjurado a ruina da patria, ameaçada tantas vezes pelas desastrosas revoluções e guerras estrangeiras; deixando os inimigos admirados dos seus recursos e da facilidade com que em poucos annos de paz, restaura, como acaba de fazer, as suas forças e eleva-se pelo trabalho mais alto que nunca.

Já o sol declinava no horizonte quando o Ava passou em frente de Toulon, outra cidade da mesma origem que Marselha, e já notavel pela sua industria no tempo de Arcadio, filho de Theodozio o Grande.