DA FRANÇA AO JAPÃO
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necessario que sejão homens (os missionarios) de uma vida irreprehensivel; porque os japonezes julgão do interior para o exterior, e da boa doutrina pelos bons costumes. Que tenhão tambem grande capacidade e muita instrucção. Esta nação possue homens sabios que só cedem quando convencidos por evidentes razões. Que elles contem soffrer todas as necessidades com intrepida coragem; viver em continuos perigos; morrer se fôr necessário em terriveis torturas; que sejão profundamente entendidos em astronomia e em mathematicas; que não contem, sobretudo, com faceis successos porém, com toda sorte de obstáculos e trabalhos.»

« Elles se fatigarão durante todas as horas do dia e durante uma parte da noite, com visitas importunas e questões enfadonhas. Elles serão sem interrupção, chamados ás casas de pessoas de qualidade, e, muitas vezes, nem terão tempo para orarem nem se recolherem, nem poderão talvez dizer missa e lêr o breviario e muito menos dispor de tempo para repousarem. Não se póde acreditar quanto importunos são os Japonezes para os estrangeiros de quem não fazem nenhum caso. Julgai o que soffrerão os nossos apostolos quando fôr preciso levantar-se contra a Fé de taes homens e censurar altamente seus vicios e seus erros!!»

Foi em Boungo que o padre Xavier encontrou a mais decidida protecção para levar ao cabo a sua santa missão.

Durante as viagens ás differentes cidades do Japão o padre marchava á pé, levando sobre as costas um pesado sacco contendo um pequeno altar de pedra para dizer a missa, um calice e todos os paramentos necessarios. Foi assim que elle chegou ao porto de Figen, distante uma legua da cidade de Funay, capital do reino de Boungo.

Ahi encontrou um capitão portuguez de nome Eduardo da Gama, que reunindo-se aos outros seus compatriotas, forão receber o padre Xavier fora de Figen e o introduzirão na cidade ao som das salvas de artilheria e das acclamações das equipagens dos navios mercantes. O rei de Boungo tendo noticia