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DA FRANÇA AO JAPÃO

neza, carregados de presentes para o Imperador, este mandou suspender a execução de seus decretos, e então, por algum tempo, poderão os missionarios continuar em sua santa empreza.

Justo Oucondono, que fôra chamado de novo ao serviço militar, acabava de fazer prodigios de coragem na guerra da Coréa, e os feitos de seus soldados desarmarão a cólera do Imperador, que deixou por algum tempo em paz os adeptos do christianismo.

Uma embaixada hespanhola chegou, entretanto, alguns annos depois ao Japão, e, emquanto o Imperador distinguia o Castelhano, que lhe trazia presentes da parte do Governador das Philippinas, este aproveitou a occasião para intrigar os Portuguezes, dizendo que, senhores de Nangasaki, elles commettião grandes violências e só protegião os Padres, instrumentos de suas ambições e projectos de conquistas.

O Imperador encolerisado, substituio o Governador de Nangasaki, e receiando que os Christãos se revoltassem contra o seu poder, ordenou que elles não podessem usar da espada e punhal a que tinha direito todo japonez maior de doze annos de idade.

Despojados do direito, que mais encareciam, não tiverão os Christãos do Nangasaki outro recurso, para não chamar contra si males maiores, senão resignarem-se á sorte que se lhes mostrava adversa, esperando que em pouco tempo seria a sua religião, a da maior parte dos seus compatriotas.

Em 1596, entrou arribado ao porto de Ourando um navio hespanhol «El San Felipo» que ia das Philipinas para nova Hespanha, carregado de grandes riquezas; e este simples facto muito influio para a expulsão e perseguição dos Christãos.

Tendo o Imperador noticia de que este navio conduzia verdadeiros thesouros, concebeo logo o projecto de apoderar-se delle, e para este fim, mandou Maxito Yémondono, um dos seus servidores, ao porto de Ourando proceder a um inquerito