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DA FRANÇA AO JAPÃO

de amarrados em grupos do tres, forão conduzidos polas principaes ruas do Miako. Na frente, vinha um official que levava uma grande bandeira na qual so achava escripto em grossos caracteres o seguinte:

«TAIKO SAMA.

«Condemnei estes homens a morte, porque elles vierão das Philippinas ao Japão, se annunciarão Embaixadores sem o serem, porque permanecerão sobre minhas terras sem meo consentimento, o pregarão a lei dos christãos contraria a minha prohibição. Eu quero que sejão todos crucificados em Nangasaki».

Chegados a Nangasaki, levantarão-se as cruzes na praça das execuções, porém, por pedido dos negociantes Portuguezes, transferio-se este instrumento do supplicio, santificado, depois que Christo nello morreo pelos homens, para uma collina que domina Nangasaki, e onde, ainda vimos os marcos de pedra que substituirão as cruzes em que morrerão estes primeiros martyres.

Exceptuados os tres Franciscanos, os demais erão indigenas, mesmo os tres padres Jesuitas, o que elevava a vinte, o numero dos martyres Japonezes.

Os Franciscanos, occupavão o centro da longa fila de cruzes, e segundo os usos n’este genero de execuções, os carrascos ferirão a todos com suas lanças.

Ao longe, numerosos christãos de Nangasaki assistirão ao martyrio do seus irmãos, e apenas elles expirárão, apressãrão-se em molhar suas vestes no sangue quo corria das feridas feitas pelas lanças dos carrascos.

Os martyres expiravão cantando louvores ao Altissimo, entrecortando seus canticos com profundos gemidos causados pelas dores que soffrião. Os Padres reunião todas as forças que lhes restavão e repetiam em côro: «In manus tuas. Domine, commendo spiritum metim. »

Estes acontecimentos dolorosos, que tiverão lugar em 5 de Fevereiro do 1597, longe de enfraquecer a fé dos christãos, os prepararão para novas perseguições; e fanatisados,