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DA FRANÇA AO JAPÃO

que qualquer mudança que experimentasse o vento em sua direcção, modificaria o tempo que até as 9 horas da manhã do dia do phenomeno, mostrou-se indifferente aos nossos desejos.

Porém, alguns minutos depois, as nuvens se adelgaçarão e como que obedecendo a gravidade, deixárão-se cahir sobre o horizonte, onde amontoarão-se em negros cumulus.

Então, o sol appareceu festivo, seus raios ainda que quentes produzião-nos doce sensação, e, jámais, este astro nos pareceu tão radiante de doce luz. E na verdade ella atravessava uma atmosphera fresca e humida para chegar até nós, e, nestas condições, alguns inconvenientes previstos poderião ser obviados no momento fatal.

As dez horas e alguns minutos assistimos a entrada triumphal de Venus nas regiões solares, e já havia decorrido mais de um seculo que a formosa deusa não se dignava permittir aos mortaes, de testemunharem suas ardentes visitas ao rei dos astros.

Vimos Venus no seu todo e distinctamente ao entrar nos dominios do seu amante, um effeito de luz nos permittiu vel-a envolvida em fina gaze, tão transparente como a nossa atmosphera. Momentos depois, um pequeno disco perfeitamente negro, começou a deslocar-se em uma certa direcção sobre a face do sol.

Era que Venus interpondo-se entre nós, e o sol não nos permittia olhar sua face brilhante, mas voltava para os indiscretos observadores a outra face, como que querendo deixar nas trevas o terraqueo globo.

Fomos, por varias vezes interrogado, por pessoas aliás de algum traquejo social e mesmo outras, de elevadas posições administrativas sobre «as feições de Venus, sua côr, se a achamos bonita ou feia, etc. etc.» porém, o leitor, um pouco discreto, nos dispensará deste trabalho, e se algum mais curioso estranhar nosso silencio, esperamos reparar essa falta, indicando-lhe dois excellentes livros que satisfarão cabalmente seus desejos, quaesquer que sejão seus gostos: — A Memoria sobre as observações da passagem de Venus de 1874, publicada pela