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DA FRANÇA AO JAPÃO

China, cede a qualquer outra Senhora o primeiro lugar que todos lhe conferem nas boas sociedades.

Comprehenderá, pois, o leitor, quanto nos foi agradavel, depois de estarmos oito mezes separados da sociedade occidental, e quando já nos achavamos habituados com a ingenuidade e singeleza dos japonezes, fazer frente á conversação de intelligente parisiense, que no seu fino tracto social facilmente habitua-se a empregar, mesmo na mais insinuante conversação, uma certa fórma que a transforma insensivelmente em argumentação socratica.

Entretanto, o cavalheiro imparcial que conhece a bôa sociedade parisiense, só póde confessar que ella sabe harmonisar a discripção com a curiosidade, certos prejuizos absurdos de sexo com o mutuo respeito, finalmente, até o religioso com o profano; e, em geral, o quadro da vida dos salões nada mais do que o da vida intima ou de familia, depois de amplificado; a differença, é que na familia amisade deve ligar todos membros, e nos salões, o que garante a confiança mutua é uma educação liberal, porem bem exemplificada pela moralidade das familias. Quanto á sua existencia, tambem comprehendida na França, é devida a necessidade que todos temos de não deixarmo-nos dominar pelo tédio.

Na soirée dada pelo Sr. Consul de França, soubemos que se achava como immediato a bordo do navio francez, surto em Shangaï, o duque de Penthièvre, filho de uma brasileira distincta, irmã do actual Chefe da nossa patria.

Um obsequioso official francez offereceo-se para apresentar-nos no dia seguinte ao jovem immediato do navio de guerra francez, porém, não insistimos, em razão de taes apresentações feitas á certos principes, serem por elles consideradas verdadeira homenagem que um inferior presta a seo superior.

Enganavamo-nos, como verificamos mais tarde, sobre o principe de Penthièvre. Nascido no exilio, lutando como verdadeiro homem contra as contrariedades da vida, este joven official, não tendo jamais provado do suor do povo, é, ao contrario,