DA FRANÇA AO JAPÃO
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nicão por pequeninos e mui ligeiros bateis, tão numerosos como as folhas das palmeiras.

Chegada certa épocha, as aguas se retirão progressivamente, e os habitantes, sem perda de tempo, abrem sem profundar as entranhas da terra, lanção as sementes, e esperão que o benefico orvalho, supprindo as chuvas, conserve o succo nutritivo de que o solo está embebido.

Parecia-nos que n'este paiz, onde á mais abundante colheita succede de subito a esterilidade, a importância da sua lavoura seria fraco elemento para sua riqueza, entretanto, o trigo, o algodão e o fumo, produzidos pelo solo egypcio, são afamados e muito procurados em todos os mercados do mundo.

Para o poeta, o aspecto d'este paiz desperta, ora, férvido enthusiasmo, quando sob o seo bello céo elle contempla estes vastos campos cultivados, verdadeiras anamorphoses, representando deslumbrantes e variados quadros; outras vezes, á vista dos areiaes movediços pelos ventos do deserto [1], de um céo turvado, e de um sol violaceo, as ideias faltão-lhe ao cerebro, o coração se lhe annuvia de tristeza: — todos os corpos animados entrão em estado febril e doentio.

Os pulmões se contrahem n'esta atmosphera de fogo, a respiração é laboriosa, a vida torna-se intolerável.

Tal é a physionomia do actual paiz dos kœdivas digno de melhor sorte, pelo valor de suas gerações passadas, e pela capacidade dos illustrados estadistas que no nosso século tentárão regenerar os seos concidadãos, abolindo barbaras usanças, e assim, realisando diversos melhoramentos tanto de ordem moral como material. Infelizmente, quando pelo incessante trabalho do progresso, era de esperar a regeneração das grandes nações da antiguidade, vemos, ao contrario, que o engrandecimento dos paizes novos importa na ruina d'aquelles, que dispõem de uma seiva


  1. Os arabes dão-lhes o nome de semoun que significa veneno.