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De Magistro


9.Adeodatus - Bene admones; non enim omnia corporalia, sed omnia visibilia dicere debui. Fateor enim sonum, odorem, saporem, gravitatem, calorem et alia, quae ad ceteros sensus pertinent, quamquam sentiri sine corporibus nequeant et propterea sint corporalia, non tamen digito posse monstrari.

10.Augustini - Numquamne vidisti, ut homines cum surdis gestu quasi sermocinentur ipsique surdi non minus gestu vel quaerant vel respondeant vel doceant vel indicent aut omnia, quae volunt, aut certe plurima? Quod cum fit, non utique sola visibilia sine verbis ostenduntur, sed et soni et sapores et cetera huiusmodi; nam et histriones totas in theatris fabulas sine verbis saltando plerumque aperiunt

et exponunt.

9.Adeodato - Bem notado! Não deveria dizer tudo que seria material, mas aquilo que seria visível. Efeitos como som, odor, sabor, peso, calor e outros predicados conexos a outros sentidos, mesmo que matéria não constitua, absolutamente poderiamos sensoriar, tanto quanto com o dedo mostrar não fosse possível.

10.Agostinho - Nunca observastes como os homens se comunicam com os surdos? Do mesmo modo que os próprios surdos, também respondem, ensinam ou indicam muito do que desejam por meio de gestos. Assim, não se mostram sem palavras só as coisas visíveis, mas também sons, sabores, e outros análogos. De fato, todos os histriões nos teatros contam histórias geralmente

dançando sem palavras[1].

  1. A esta linguagem silenciosa, Agostinho definiu: “Através do movimento das mãos, alguns exprimem a maior parte das coisas. Os cômicos com o movimento de todos os seus membros mostram certos signos aos expectadores, como que falando aos seus olhos. Os estandartes e insígnias militares manifestam aos olhos a decisão dos chefes. De modo que todos esses signos funcionam como palavras visíveis” (in De Doctrina Christiana LIBRI IV - III.4). Agostinho utiliza uma paráfrase, indicando que os signos também possuem um sistema de linguagem não audível, mas que funciona como palavras visíveis. O signo impressiona o sentido visual com uma imagem, mostrando que a linguagem excede as palavras oralizadas ou escritas.