todos os perfumes dos campos. As criaturas são as ânforas da harmonia dos cheiros. Cada carne tem o seu corpo ódico que é o cheiro, cada ser faz-me sentir a alma pela veste incorpórea do cheiro, desse cheiro que cada um tem próprio e jamais igual ao do outro, do cheiro que se procura para aquietar e amar...
- Realmente, com um pouco de "toilette", cada qual faz o seu cheiro.
- Não! não é isso. Talvez pela toilette e a perfumaria sejam-me indiferentes as formosas mulheres que deixam rastilhos de perfumes industriais e parecem feitas para os retratos de Helleu ou do Amoedo. Não as amo, porque, maceradas de essências, com os vestidos pulverizados de perfumes, a boca lavada por águas e pós brilhantes, os lábios carminados, a face empoada, são como os manequins da Moda. O cheiro é a alma dos seres. Elas afogam a alma no artificial para encantar os simples, os brutais. Os meus instintos gelam-se, morrem em frente dessas baiadeiras mascaradas com a máscara transparente de outros cheiros. Houve um silêncio pesado.
- Ah! disse eu vendo a expirar a confissão, é grave...
Oscar olhou para mim, cândido como Adônis, e cansado como se sustentas se nos ombros o mundo.
- Por isso, murmurou, procuro - é horrível! - procuro as criaturas simples, as que não se perfumam, as que ignoram o postiço ignóbil da civilização,