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DO PORTO. CAP. I
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da pelo Suevos muitos ſeculos depois. [1]

[2] Eſtes póvos Suévos, juntamente com os Alanos, Godos, Vandalos, e Selingos, deſpenháraõ-ſe, como huma impetuoſa corrente, deſde o ſeptentriaõ da Alemanha, a inundar toda a Italia. Elles aſſaltáraõ a grande Roma, eſcalláraõ os ſeus muros, entráraõ no interior deſſa famoſa Cidade, e com hum ſaque univerſal abſorvêraõ todas as ſuas riquezas. Daqui paſſaraõ á França, e ás Heſpanhas, ſenhoráraõ Galiza, e nella termináraõ o impetuoſo curſo das ſuas Conquiſtas. Ficáraõ os Alanos com a Luzitania, os Vandalos, e Silingos com a Betica, os Suévos com a Galiza, na qual ſe incluia a Provincia do Minho. Porém eſta repartiçaõ feita em boa paz, naõ tardou muito, que naõ accendeſſe no coraçaõ de Attaces Rei dos Alanos, o fogo da guerra atiçado pela inveja com que via a Hermenerico Rei dos Suévos, em melhor ſituaçaõ, em melhor clima, em terras mais fecundas, em ares mais mimoſos, e puros. Enfurecido, tomou contra elle as armas, e marchou a expulſallo dos ſeus Eſtados. Depos de contínuas, e furioſas Campanhas, nas quais a vićtoria propendía ſempre para a parte dos Alanos, retiráraõ-ſe os Suévos ás margens do Rio Douro, e reforçáraõ-ſe em hum alcantilado monte, que lhe fica da parte do Norte. Allî erigindo hum

forti-

  1. Para abonar eſta Opiniaõ baſta por todos erudito Portuguez e Biſpo Idacio, na ſua Chronica, em que diz: Ad Caſirum quod Portucale appellatur &c. e muito mais quando chama a Braga: extremam Civitatem Gallatias &c.
  2. XV. Fundaõ os Suévos a Cidade do Porto.