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Diana de Liz: Memorias


 

O que acaba de se passar comigo, arripía-me... Tinha deixado a pena e apoiado os cotovêlos na secretária, descançando a cabeça nas mãos. Pensava profundamente no Carlos, com o torturante desejo de saber qual seria a disposição do seu espírito na misteriosa vida de além-túmulo, quando senti que uma força estranha, desconhecida, me forçava a levantar a fronte, pouco a pouco, deslocando-ma das mãos... Pareceu-me que um sôpro levíssimo, frio, perpassava pelo meu rosto afogueado e os meus lábios, inconscientemente, esboçaram um beijo, que se perdeu no ar... Foi sem dúvida êle que veio vêr-me... Tenho a certeza disso.

2 de Maio.

Estou agitada, desejosa de voltar á vida, ansiosa por que o tempo decôrra... Desde quarta feira, á tarde, quando tive a sensação de que o Carlos me visitava, que estou assim. Adivinho que êle não quere que eu me atormente mais, que deseja vêr-me reagir, sorrir de novo. E estou diligenciando, efectivamente, alcançar esse fim. Na verdade, aos vinte e quatro anos, nada feia, confiando ainda no Bem e na Humanidade, não terei o direito de buscar consolações?!

Por julgar acertada esta órdem de idéas, tenho dado

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