MILU (contrariada) — Isso não quero! Não tinha graça nenhuma! Voltava outra vez á mesma monotonia, não?! Eu quero divertir-me um bocado, ás escondidas, já te disse. E tambem já te disse que ele parecia meu pae! Que mal há nisto ?!
EU (gravemente) — Pois olha, não sei que devas dizer-lhe, a não ser que lhe respondas no mesmo tom da carta dêle. Mas isso não o podes tu fazer de maneira alguma!
MILU — Porquê?
EU — Fica-te mal. Não é proprio da tua idade nem da tua posição.
MILU (amuada) — Pois fica sabendo que já não preciso dos teus conselhos! Sei muito bem quem me ha-de aconselhar!
EU — Quem é?!
MILU — A tia Clara. Eu gostava de responder ao meu amiguinho ainda antes de sair de Lisboa, mas, visto isso, escrevo-lhe de Entre-os-Rios. Tambem vamos para lá, eu e a mamã, já na segunda-feira. A tia Clara já lá está e arranja-se tudo! (carinhosa) Mas deixa estar que não fico zangada contigo!
EU (com alivio) — Acho tudo muito bem! Mas porque é que tu dizes que a tua tia Clara é que é capaz de te aconselhar nestas coisas?
MILU — Ora! Porque ela ás vezes conta-me o que
— 146 —