Dinora, em frente ao grande espelho oval, dava um geito ao penteado, inspeccionando, ao mesmo tempo, o estado do seu maquillage.
Margarida conservava-se sentada no amplo fauteuil, perna traçada, um dos cotovelos fincado no joelho, olhar vago, ar absorto. Zázá, a cadelinha negra, deitada aos pés da dona, seguia com os olhos vivos um minusculo insecto que volteava pelo ar. Na estante do piano via-se, aberta, uma peça de Moszkowski ea um canto do sofá jazia, esquecido, um livro de Blasco Ibañez, cuja capa mostrava uma tricromia, exotica.
Dinora punha uns ligeiros toques de carmim na face delicada, tendo tirado da pequena bolsa de brocado uma primorosa caixinha, auxiliar preciosa da sua coqueteria de mulher bonita. Ao vêr reflectida no espelho a atitude pensativa da amiga, sorriu.
— Tu hoje pareces muito preocupada, Margarida — disse Deves ter que desabafar. Eu vim passar o dia contigo, não só para me distrair mas tambem para te servir de alguma coisa e, no meu papel de confiden-
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