— Admira-se?
— E' natural, não lhe parece? Sente-se aqui. Tenho muito prazer em vê-lo, creia!
— Devéras?
— Deveras.
— E' muito generosa.
— Que atitude esperava você que eu tomasse? Queria que o fléchasse de recriminações, que lhe manifestasse rancor e despeito? Não sou rancorosa, meu amigo. Quando há perto de ano e meio, você me anunciou que ia casar e que a nossa ligação terminava, senti, é facto, um certo abalo — naturalissimo ao fim de uma entente amorosa de três anos... Mas, passada a tormenta, ressurgi para a vida — l'amour s'en vient, l'amour s'en va — e aqui me tem, calma, feliz e curiosa por saber o que o trouxe.
— Feliz ? Você é feliz, Camila ?
— Actualmente, sou. E creio que tenho tanto direito a sêl-o como você ou qualquer outra pessoa. Mas não falemos de mim. Que foi que o trouxe cá?
— A minha doença.
— Nunca estudei medicina, meu amigo.
— Mas póde curar-me.
— Duvido. De que sofre ?
— Tédio da vida. Cure-me, Camila!...
— Tédio da vida? E casado há tão pouco tempo?
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