Lis é, no quadro das modernas escritoras portuguesas, uma honrosa e nobre excepção.
Nos contos dialogados com que abre Pedras Falsas, todos êles escritos com um fino e penetrante espirito de ironia e com uma alta concepção do que é e do que vale a lingua, Diana de Lis revela-se uma escritora de singulares qualidades no estiio, nas ideias, na técnica.
Nos outros contos, porém, e nas cartas é que a escritora se nos apresenta vitoriosamente integrada no seu processo.
Que clareza de pensamento, que nobreza de linguagem, que purissimo coração se agitou no fragil peito desta grande escritora portuguesa, que passou rapidamente no mundo das letras como um clarão, mas cuja luz ficou para sempre, fixa e harmoniosa, neste livro que é bem o espelho de uma alma justa, vagamente triste e ironica, caracteristica que possuiu o Eça e define quasi sempre os espiritos superiores.
Que rajada intensa de humanismo perpassa nessas belas páginas de A Solteira, que abre com um pequeno, mas exacto quadro de bairro pobre, em que o poder descritivo de Diana de Lis se revela com inteira segurança e fecha tão simplesmente, tão humanamente — um final onde a renúncia de uma pobre alma encarcerada e ansiosa se entrega á lógica, desprezando o rodriguinho, um final que pode não agradar a certas almas inacabadas de meninas enfezadas de espirito, mas satisfaz plenamente a Vida...
A idade azul de Aurora é um outro conto em que as faculdades literárias da escritora ficam á prova vitoriosamente, revelando grande subtileza, ironia e imprevisto.
Todo o livro se lê com prazer — embora pungindo-nos a lembrança de que a pobre cabeça onde ger-
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