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duma mulher da epoca


O que me interessou, neste casal, foi o imens afecto que transluz em todos os olhares, em todas as palavras que dirigem um ao outro. A esposa não perde de vista o marido, numa expressão de ternura indiscritivel; o marido interrompe, de quando em quando, a mais curiosa conversação em que se haja embrenhado, para dirigir uma palavra de afecto á sua querida mulherzinha...

Soube que são casados há sete anos e disseram-me, tambem, que têm vivido sempre daquela maneira. Parece um casal exemplar. E nós outras, eu, a Luizinha, a Maria Alice, casadas há um mês, oito meses, um ano, todas com ar cançado de quem não sente já entusiasmos! E a forma quasi indiferente por que nos dirigimos em publico aos nossos maridos e por que eles se dirigem a nós?! Estou certa de que a todas três ocorreu o mesmo pensamento: ― Que filtro misterioso ingeriram estes dois entes que mostram adorar-se, quando há sete anos que vivem em comum?

De regresso a casa e ao deitar, dirigi a Vasco preguntas sobre preguntas ácerca deste casal modelo. Ele tinha sono. Sempre me disse, contudo, que os ternissimos esposos moram no primeiro andar, por cima das primas Teixeiras, na avenida de Berne e que o socego das Teixeirinhas é quasi diariamente

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