Conclue d'ahi o sabio escriptor brazlleiro que, sendo dous autores os que se apontam e propoem para a mesma unica obra, não duvida que seja Brandão o verdadeiro e legitimo!
Que ha manifesta confusão da parte do addicionador da bibliotheca de Leão Pinello, não resta a menor duvida. E si ha essa confusão, como della se quer tirar uma prova, quando mesmo a conclusão fosse logica? Brandonio é o nome imaginario que deu o autor do livro ao interlocutor que explica ao outro as riquezas do Brazil. Quem sabe, pois, si a confusão manifestada não vem de suppor o bibliothecario de Pinello que o autor é esse interlocutor? ou que o autor se chama Brandão por ver que o interlocutor, que explica e conhece as riquezas do Brazil, se chama Brandonio ?
Entro nestes detalhes, fóra do plano que tenho traçado nesta obra, porque se trata do escriptor, que serve de ponto de partida na historia litteraria do Brazil. E os que quizerem por si apreciar esta questão, podem ver o que escreveu F. A. de Varnhagem nas Reflexões sobre o escripto do seculo XVI com o titulo de Noticias do Brazil, pag. 98, e os dous artigos biographicos Bento Teixeira Pinto que vem na Revista do instituto, toma 14°, pelo mesmo Varnhagem, e Joaquim Norberto de Souza e Silva, pags. 274 e 402. Bento Teixeira escreveu mais:
— O rico avarento: drama — Não sei onde para, e nem consta que fosse impresso; sei que foi representado em Pernambuco, em 1575.
— O Lazaro pobre: drama — Foi, como o precedente representado em 1575, resultando de sua exhibição em scena, que os ricos abrissem suas bolsas e as vazassem em esmolas á pobreza.
— Diversas poesias — Destas poesias algumas acham-se na Phenix renascida. Lisboa, 1716 a 1720; a maior parte, porém, ficou inedita e perdida, sendo sonetos, eglogas, versos pastoris, etc.
Frei Bento da Trindade — Filho de paes portuguezes, nasceu na provincia da Bahia em 1768, ignorando-se a data de seu fallecimento, que supponho ser pouco antes da independencia.
Muito joven, apenas com os primeiros estudos de humanidades, foi para Portugal, onde tomou o habito e professou na ordem dos Agostinhos descalsos; matriculou-se no curso de theologia da universidade de Coimbra e ahi recebeu o grau de doutor; de volta á patria, em 1790, foi nomeado examinador synodal das dioceses da Bahia e de Pernambuco; foi prégador regio e orador muito applaudido, e escreveu:
— Homilia ou exposição paraphraseada sobre as palavras da oração do Pater noster. Lisboa, 1783 in-4.°
— Homilia ou exposição paraphraseada sobre as palavras da oração da Ave Maria. Lisboa, 1783, in-4.°
— Sermão do primeiro dia das quarenta horas, prégado na Sé da Bahia. Lisboa, 1784, 23 pags. in-4.°
— Sermão na festividade pelo nascimento da serenissima princeza da Beira, prégado na cidade da Bahia. Lisboa, 1794, 28 pags. in-4.°