arrasta pelas salas, como tantas mulheres, pelo prazer de se verem admiradas e ouvirem elogios à sua beleza?... Oh! não, meu Deus!... Vós sabeis quanta humilhação tenho tragado, eu que tenho orgulho de merecer um nobre amor, vendo-me objeto de paixões mentidas e interesseiras!...

— Refere-se a mim, D. Emília?...

— Ao senhor?... Se eu tivesse um tal pensamento a seu respeito, julga que esperaria tanto tempo para lho declarar? Os outros têm o direito de mentir-me porque me são indiferentes... O senhor, a quem eu dei minha amizade e confiança, não!... Seria uma indignidade!... Os outros podem me fazer a vida amarga e triste sem que eu me queixe. Mas o senhor...

— D. Emília!... balbuciei comovido.

— Não me queixo, não; nem preciso que me consolem! exclamou arrebatada. — Para quê? O que eu sofro agora, Deus mo levará em conta para o meu amor, quando eu amar um dia, na terra ou no céu.

Emília afastou-se; e eu a segui involuntariamente. Esperei debalde que voltasse o rosto; por fim a chamei; ela parou.

— Ao menos, D. Emília, não consinta mais que esses homens lhe falem de sua paixão. Promete-me?

— Não, senhor!

— Bem!

— Se me quer amar como eu sou, com os meus caprichos...