tas outras finezas que recebi de toda aquela família. O pai e as tias de Emília queriam, com as repetidas provas de sua bondade, apagar qualquer ressentimento que pudessem gerar no meu espírito os modos ríspidos da menina, agora moça. Muitas vezes procuravam desculpá-la com seu excessivo acanhamento.

O baile foi esplêndido. D. Matilde triunfava, no meio de suas rivais e aos olhos de seus adoradores.

Lá estava Emília.

Ainda a flor agreste de sua gentileza não se havia aclimatado à atmosfera do baile. Ela perdia à noite e no meio do salão ornado pelas mais elegantes formosuras da corte. Não tinha ali nem a suave limpidez do desalinho, em que eu a vira antes; nem o fulgor radiante, que tanto admirei depois. Era o crepúsculo matutino de uma rosa, que abotoara à noite e ainda não desatara ao sol.

Estive conversando com D. Leocádia algum tempo; quando me ergui, ela perguntou:

— Não dança, doutor?

— Pode ser, minha senhora.

— Dance!... Olhe! Vá tirar Mila.

E a boa senhora mostrou a sobrinha sentada a alguma distância.

Aproximei-me. Já o baile tinha perdido a simetria da entrada, no seio da confusão que é o seu maior encanto: a música, as vozes, os risos, os ruge-ruges das sedas, os burburinhos da festa, enchiam o salão.