— Ao contrário, não lhe mereci essa fineza.

— Pois ela recusou? disse a senhora contrariada.

— Naturalmente já tinha par, D. Leocádia.

Emília, que se colocara para a quadrilha a pequena distância, voltou-se rápida ao ouvir as minhas palavras. Um fino sorriso de ironia passou-lhe fugace entre os lábios.

— Vou preveni-la para a seguinte — me havia respondido a tia.

— Perdão, D. Leocádia! Teria com isso o maior prazer, mas... eu me retiro já.

— Deveras, doutor? atalhou D. Matilde, que atravessava o salão. — Dê-me o seu braço. Então, como é isso? O senhor já se retira?

— Estava nessa intenção, D. Matilde; mas agora admira-me como a pude ter.

— Ah! É cata-vento assim?

— Quem deixará de o ser, quando o sopro vem perfumado da mais linda boca?

— Eu devia puni-lo por ser tão lisonjeiro, obrigando-o a dançar comigo esta contradança...

— Isso seria a minha recompensa.

— Parece-lhe?... Pois vou dar-lhe outra mais doce.

D. Matilde fez com o leque um aceno à filha:

— Julinha?

— Mamãe!

— Dança com o Sr. Amaral, e vê se consegues fazê-lo esquecer as horas.