porém não ao senhor!
— Ah!
— Do senhor, eu tinha medo, quando o via. Tinha medo que me arrancasse também do espírito mais essa doce ilusão. Desculpe-me: eu não o conhecia então. Duvidava...
— Mas por que motivo? Percebeu alguma vez em mim a menor intenção de abusar?...
— Nunca!... Era uma coisa que não estava em mim! Um temor vago e indefinível... Parecia-me que o hálito de sua primeira palavra vinha murchar em minha alma a única flor de sentimento que brotara nela... E eu defendia-me afastando-o... Naquela noite... não o entendi... Disse aquelas más palavras... Perdoe-me! Eu também sofri... Sofri mais porque elas não eram vingança, não. Gemidos, sim, de quem tanto perdia!...
Fui eu então, eu insultado e escarnecido, que pedi a essa mulher o perdão de minha vingança.
A tarde caía. A solidão começava a encher-se de sombras, de perfumes, de eloqüentes silêncios. Emília sorveu com delícias esse respiro dos campos na hora do crepúsculo.
— Que linda tarde!... murmurou. — Aqui... parece-me que eu poderia crer... Mas lá!...
Seu lábio desfolhou um triste sorriso.
— Vamos, Mila! disse D. Leocádia.
— Sim, minha tia.
Ela estendeu-me entre as rendas de seu lenço a ponta dos dedos que eu apertei de leve.