outra pessoa... e que ha de fazer? Pois um homem... Seja homem, ande.
Padua enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo, fechado na alcova,— ou então no quintal, ao pé do poço, como se a ideia da morte teimasse nelle. D. Fortunata ralhava :
— Joãosinho, você é creança?
Mas, tanto lhe ouviu falar em morte que leve medo, e um dia correu a pedir a minha mãe que lhe fizesse o favor de ver se lhe salvava o marido que se queria matar. Minha mãe foi achal-o á beira do poço, e intimou-lhe que vivesse. Que maluquico era aquella de parecer que ia ficar desgraçado, por causa de uma gratificação menos, e perder um emprego interino? Não, senhor, devia ser homem, pae de familia, imitar a mulher e a filha... Padua obedeceu; confessou que acharia forças para cumprir a vontade de minha mãe.
— Vontade minha, não ; é obrigação sua.
— Pois seja obrigação ; não desconheço que é assim mesmo.
Nos dias seguintes, continuou a entrar e sair de casa, cosido á parede, cara no chão. Não era o mesmo homem que estragava o chapóo em cortejar a visinhança, risonho, olhos no ar, antes mesmo da administração interina. Vieram as semanas, a ferida foi sarando. Padua começou a interessar-se pelos negocios domesticos, a cuidar dos passarinhos, a dormir tranquillo as noites e as tardes, a conversar e dar noticias da rua. A serenidade regressou ; a