DOM JOAO VI NO BRAZIL 101

nar durante e apoz taes banquetes, a que de ordinario so compareciam senhoras casadas, a cordialidade mais franca e por vezes mais ruidosa, a par de certa falta de apuro nas maneiras, como os costumes vulgares de limpar a faca na toalha e de comer com a bocca quasi dentro do prato.

A influencia feminina nao era sufficientemente sugges- tiva sob o ponto de vista social para afinar, como moderna- mente tern acontecido nos Estados Unidos, aquellas manei ras masculinas, que de resto eram identicas as do velho Reino. As nossas mulheres de interior, com seus habitos tro- picaes, de cabecao e sem meias, apezar de espertas, faceiras, tagarellas, laboriosas e bonitas, ja promptas a se emancipa- rem como tudo mais no Brazil, exerciam poder sobre os sen- tidos mas nao sobre os sentimentos dos maridos em geral, e tampouco actuavam na sua indifferenga pelas cousas da vida politica sobre o desenvolvimento moral dos seus filhos. Com os annos a sua propria vivacidade soffria dos effeitos da reclusao, e o lidar constante com os escravos, relac.ao caracterizada de urn lado pela prepotencia e do outro pela abjecc^ao, embotava-lhes o espirito, do mesmo modo que Ihes embotava as formas esbeltas a falta absoluta de exercicio, pois que a cadeirinha representava a sua quasi unica maneira de locomoc.ao.

Ardua era por tudo a tarefa que em a nova corte se impunha ao Principe Regente e aos seus ministros, isto e, ao pessoal dirigente de uma nac,ao habituada a receber para qualquer effeito do alto o santo e a senha, o impulso para as boas cousas assim como a tolerancia para as ruins. Nem o aspecto exterior, a physionomia da cidade constituia tanto o que Ihes devia trazer cuidado, si bem que alguns viaj antes a qualificassem de uma das mais porcas agglomerates hu-

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