DOM JOAO VI NO BRAZIL 170
de monarchias constitucionaes nem todos imitariam depois, e si houvesse sido attendido, nao se teria offerecido ao ini- migo o grotesco espectaculo das pernas gottosas do genera lissimo, mau grado as dores cruciantes, apertando no galope as ilhargas do ginete, o qual apresentava aos soldados do principe da Paz nao a fina cabega, mas a luzida garupa.
Verberando por esse tempo como um attentado contra a real auctoridade a sem-cerimonia com que Lafoes expedia avisos de pagamentos as thesourarias geraes da tropa, com- mentava acremente D. Rodrigo: " Se V. A. R. permitte ao Duque que abra os seus Tesoiros, em breve nada ficara no Erario, pois que aquelles que o rodeiao nao s esquecem que tern 83 annos, e querem aproveitar todos os instantes da sua vida. Digne-se V. A. R. lembrar-se que aquelle mesmo ministro que tanto tern representado contra a Democracia, e os Demagogos, he o mesmo que lembra a V. A. R., com o devido acatamento, que nao se pondo freio as ideas, e vistas aristocraticas do Duque, ha de V. A. R. ver que elle perde a Monarquia, assim como desorganisou o Exercito" ( i ) . E a verdade e que da obra severamente disciplinadora do conde de Lippe, pouco ficara sob o relaxamento do gar- rido militar academico que movia guerras nos saloes e exe- cutava piruetas nos campos de batalha.
O ruinoso tratado que foi consequencia da infeliz cam- panha, a chamada paz de Badajoz, levou ao paroxysmo o desespero patriotico de D. Rodrigo. "Antes quizemos sa- crificar tudo do que tentar uma defensa gloriosa, ainda quando fosse infeliz. . . esquecendo-nos da nullidade con- fessada da Espanha, que declarava ter ja reduzido o Exercito
��(1) Carta de 25 de Abril de 1801, no Arch. Pub. do Rio de Janeiro.
D. J. 12
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