184 DOM JOAO VI NO BRAZIL

do tempo, a saber, que a cessao das casas foi feita no geral da melhor vontade, com uma encantadora franqueza, por- ventura por alguns com mira interesseira, mas por muitos com o prazer intimo de serem uteis, cada um na sua es- phera, a familia real exilada e ao seu sequito. Chegou a libe- ralidade ao ponto de proprietaries comprarem trastes e ob- jectos de valor para melhor adorno das habitagoes que dei- xavam com suas carruagens, bestas e escravos, para uso e maior luzimento dos emigrados a cuja disposigao ficavam.

So no artigo fidalgos, nao eram poucos os que de Lisboa tinham sa hido para irem formar no Rio de Janeiro a corte do Principe foragido. Um duque, o de Cadaval, fallecido na Bahia, onde adoeceu na passagem da esquadra; sete mar- quezes, os de Alegrete, Angeja, Bellas, Lavradio r Pombal, Torres Novas e Vagos; as marquezas de Sao Miguel e Lu- miares; os condes de Belmonte, Caparica, Cavalleiros, Pom- beiro e Redondo. Afora os planetas, um milhar de satelli tes, monsenhores, desembargadores, medicos, agafatas, re- posteiros, outros empregados da real casa, sem fallar na tribu dos Lobatos, do servigo particular e da maior privanga de Dom Joao, de quern constituiam a camarilha, juntamente com o padre Joao, seu afilhado, e seu secretario, o esperto brazileiro Jose Egydio ( I ) .

Ao que parece, aquella gente abusou da bizarra hospi- talidade com que a receberam os habitantes mais endinhei- rados do Rio de Janeiro e da qual foi tambem alvo o Prin cipe, a quern o negociante Elias Antonio Lopes doou a quinta da Boa Vista, em Sao Christovao. O mimo nao podia ser senao acolhido com agrado porquanto deixava muito a dese-

��(1) Dopois yiscoiide e marquoz de Santo Amaro.

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