276 DOM JOAO VI NO BRAZIL

flexa que logo originava a sympathia. Nem ella se descuidou de jogar arteiramente com essa sua condigao, pretendendo ja reinar em Madrid depois da renuncia de Bayonna e da usurpagao franceza; ja ser Regente durante o sequestro dos irmaos; ja subir, pelo menos, a Imperatriz da America Hes- panhola, cuja lealdade dynastica se manifestara ruidosamente contra o Rei Jose, mas trazia como consequencia final a independencia das colonias.

Nao Ihe sendo possivel governar como Rainha ou Re gente na Peninsula, como Imperatriz ou Rainha alem mar, contentava-se com a regencia da America Hespanhola, com a do Rio da Prata que fosse, comtanto que n uma dada ex- tensao de territorio pudesse exercer auctoridade propria, dis- tincta, autonoma, sem contas a dar aquelle estafermo odioso, cuja vista Ihe era insupportavel ate na meza, preferindo to- mar as refeicjks na camara, sosinha ou com a pequenina Infanta Dona Anna de Jesus Maria. Mesmo depois de pre- parado o palacio da Boa Vista para residencia habitual de Dom Joao, continuaram Dona Carlota e as Infantas meno- res, de quern ella nunca se separava, a viver no Paco da ci- dade, indo diariamente todas a missa das nove a Sao Chris- tovao e voltando as Infantas ao galope das bestas para jantar as quatro com o pai, emquanto a Rainha se dirigia de carro para uma das suas casas de recreio, das Laranjeiras ou do Rio Comprido, parando occasionalmente a palestrar com a sua intima amiga a viscondessa de Villa Nova.

O temperamento ardente, apaixonado e certamente poetico, pois que estimava a natureza e saboreava o amor, de Dona Carlota Joaquina, soube assim tirar a maior van- tagem da sua residencia n uma terra de que absolutamente

�� �