094 DOM JOAO VI NO BRAZIL
tropoles peninsulares. A encorporagao de qualquer dos vastos dominies hespanhoes assim traria em si um germen perni- cioso para a nagao conquistadora, depositado pela lealdade, ainda apreciavel, d essas possessoes para com a sua mai patria, sobretudo tratando-se de uma absorpgao portugueza.
Palmella farejou como arguto diplomata que seme- Ihante lealdade, aquillo para que usam os Inglezes o termo loyalty, seria a determinante causa immediata do rompi- mento que se produziu com a subida ao throno hespanhol do Rei forasteiro. Foi isto quando, seduzido um momento pela sua chimera igualmente imperialista, pretendeu o represen- tante portuguez promover com tamanho enthusiasmo os in- teresses de que a Princeza do Brazil Ihe confiara a gestao e cuja feliz composigao constituia, no dizer d elle, a unica cousa que poderia conservar unidas as colonias hespanholas combinadas com as portuguezas, e particularmente salvar as tradicoes da monarchia de Carlos V, as quaes, abafadas na
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sua sede europea, assim achavam guarida na America (i). Com effeito, faltando-lhe por motivos varios esta base tradicional, o movimento nacionalista de Buenos Ayres to- maria a breve trecho a cor demagogica que Ihe deviam ne- cessariamente vir a emprestar, alern da carencia de direcgao dynastica local pela ausencia forgada de Dona Carlota Joa- quina, a distancia da metropole, a confusao que n esta rei- nava, a desorganizagao militar da colonia, as ideas liberaes, finalmente, que andavam no ar. Nao que a Hespanha anar- chizada cessasse de pensar nas colonias que representavam o melhor do seu patrimonio. No mesmo anno da missao Curado, pelos meados de 1809, chegava ao Rio a corveta
(1) Officio de D. Pedro do Souza TTolsti .in cit. na obra de D. Maria Amaliu Vf.z de CaiTallio.
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